A espera: Entre o tédio e a diversão

A essa altura do campeonato, ela sabia que a vida deveria ser vivida um dia de cada vez.

Depois de um ano intenso, decidiu que era o momento de desacelerar, mas a vida nem sempre respeita nossos planos, não é mesmo?

Era o que se passava por seus pensamentos enquanto aguardava o momento de ser chamada para consulta com o endocrinologista.

Ali sentada, sem internet, um celular na mão e uma mente inquieta, ela começou a escrever.

Sentada, na sala de espera da clínica, ela escrevia como sua imaginação fluía. Nada de especial, pensamentos aleatórios transmitidos para as pontas dos dedos. Era um passa-tempo.

De repente, percebeu à sua frente duas pessoas conversando e acenando uma para outra. Provavelmente observavam seu jeito compenetrado ao escrever. Elas davam risadinhas.

Realmente ela era intrigante.

Uma das pacientes saiu do consultório resmungando alguma coisa que ela não conseguiu entender, ela tentava registrar o momento. Seus estavam fixos no teclado; tímida, evitava olhar muito ao redor, enquanto seus ouvidos e olhar periférico estavam atentos.

Ela sempre voltava ao início do texto para revisar e aperfeiçoar sua escrita. Estava percebendo que era um bom exercício, além de ser muito divertido.

Era bem provável que as pessoas ao redor não faziam ideia que ela estivesse escrevendo sobre aquele momento. Na tela de chamada localizada bem à sua frente, mais um paciente foi convocado a entrar no consultório. Já havia se passado mais de 40 minutos desde que ela chegou à clínica.

O cursor começou a piscar e as ideias sobre o que escrever ficaram escassas. Será? Não, na verdade ela pensou: “Por que não escrever sobre o cursor e o próprio ato da escrita e refletir sobre isso?”

Entre uma revisão e outra ela divagava:

“Se a vida deve ser vivida um dia de cada vez, como estava pensando no início, a história deve ser escrita palavra por palavra. O cursor piscando é um convite, uma oportunidade para o próximo passo. Desse modo podemos refletir sobre a importância de escolher bem as palavras e os próximos passos. Sem pressa, no ritmo adequado podemos escrever nossa própria história com mais consciência e intenção.”

E ela também pensava: “Quem se importa?”

Depois de 1h esperando, as risadas ao lado se silenciaram. Era o tédio e ela matava escrevendo. Pensou: “Sobre o que mais escrever?”

Talvez ela pudesse explorar o valor do tempo.

Ah, mas antes que ela pudesse desenvolver em seu texto um pouco mais sobre “o tempo”, os rapazes risonhos foram chamados. À sua frente de repente começa uma conversa discutindo se o atendimento era por ordem de chegada.

E o tempo flui. Ele não para, não volta atrás, só avança. Ela sabe que a grande questão é o que fazer com o tempo que temos. Talvez por isso tenha decidido escrever, para usar bem seu tempo.

Dessa vez não escrevia sobre o mundo subjetivo. Escrevia sobre fatos concretos, acrescentando sua percepção pessoal às cenas. Seu humor era sereno, tranquilo porque estava em paz mesmo tendo se passado uma hora e vinte e um minutos.

Do seu lado esquerdo havia um modesto jardim de inverno por onde a luz solar entrava em todo ambiente. Ela bocejou com sono.

Desligou a tela do smartphone. Fechou os olhos e descansou.

O Texto acima foi humanísticamente criado e revisado com a ajuda da IA.

Por Glaucia Policarpo